1. Em Alagoinhas
existe algum local onde as mulheres vítimas de agressão podem ficar quando elas
não têm para onde ir?
Delegada de Policia Civil - Titular da
DEAM/Alagoinhas Lélia Maria Raimundi David.
Resposta: Sim. Desde o mês de março
de 2009 a mulher alagoinhense, vítima de violência doméstica e familiar, pode,
se assim o desejar, ser encaminhada para a Casa de Acolhimento Provisório à
Mulher. O endereço não é divulgado para que possa ser garantida a segurança da
mulher e dos seus filhos. A Casa de Acolhimento veio atender a uma
necessidade das mulheres de Alagoinhas vítimas de violência doméstica e
familiar que se encontram em situação de risco. Sem dúvida alguma, a existência
de uma Casa de Acolhimento no município de Alagoinhas auxiliou em muito o nosso
trabalho na DEAM e só veio fortalecer a rede de atendimento à mulher vítima de
violência doméstica e familiar. É importante salientar que no Estado da Bahia
há apenas duas Casas de Acolhimento, uma em Salvador/Ba e a outra em
Alagoinhas/Ba.
2. Quantos casos de mulheres vítimas de
agressão a DEAM recebe por mês?
Resposta.: Para responder com maior segurança
quantos registros e quais os casos mais comuns faz-se necessário uma busca nas estatísticas da DEAM desde o seu
funcionamento (junho/07) até a presente data. Efetuamos, em média, cerca de 100
(cem) registros policiais mensais.
É importante salientar que a DEAM/Alagoinhas é uma
Delegacia Especializada no atendimento à mulher e, em sendo assim, apuramos
todos os fatos delituosos nos quais a vítima é do sexo feminino, exceto os
fatos relacionados a crimes de furtos e roubos, os quais que são
direcionados para a Delegacia Especializada (Delegacia de Repressão a Furtos e
Roubos –DRFR/Alagoinhas). Observamos que nas segundas–feiras e nos dias seguintes
aos feriados existe uma maior procura pelos serviços da DEAM. Creditamos essa
maior procura ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas nos finais de semana e
feriados, o que sempre ocasiona desentendimentos e acabam por gerar ocorrências
policiais.
3. Qual o caso que mais lhe chocou em
Alagoinhas?
Resposta.: Atuo em Alagoinhas desde o mês de maio do
ano de 2005, inicialmente como Delegada Titular da Delegacia Territorial, e no
ano e 2007 fui designada para implantar a DEAM onde estou, até a presente data,
também na função de Delegada Titular. Nesses 07 (sete) anos de atividade
policial nesta cidade, muitos casos me chamaram a atenção, dentre eles destaco
a morte de uma criança de apenas 02 (dois) anos de idade por maus-tratos
praticados pela mãe, o assassinato de mãe e filha (idosas) cujos corpos foram
jogados na cisterna da casa onde moravam, o assassinato dos dois camelôs de
Feira de Santana ocorrido no Ponto do Beiju, a morte brutal de uma mulher
grávida pelo ex-companheiro (ano 2008), a morte de outra mulher barbaramente
espancada pelo companheiro (ano 2010), a morte da professora vítima de
queimaduras por água quente e cortes de facão por ato da cunhada (ano 2012), o
recente assassinato da jovem grávida (ano 2012), além dos crimes sexuais contra
crianças e adolescentes.
4. Ver todos esses casos mexe com o seu emocional ?
Resposta.: Não há como não sermos tocados pelos
fatos que chegam ao nosso conhecimento para investigação, mas somos
profissionais, policiais de uma Delegacia Especializada no atendimento à mulher
e não nos deixamos envolver emocionalmente com os casos.
5. Quais os bairros em Alagoinhas existem
os maiores índices de violência contra a mulher?
Resposta.: Recebemos
denúncias de mulheres de muitos bairros da cidade e de todas as classes
sociais, sendo a maior incidência entre as mulheres de baixa
renda. Observamos nos registros policiais que nos bairros Santa Terezinha,
Barreiro, Rua do Catu, Baixa da Santinha, Alagoinhas Velha existem mais
violência contra a mulher. Há também muitos registros de fatos ocorridos na
zona rural (Riacho da Guia, Boa União).
6. Como anda o índice de violência? Com o
decorrer dos anos tem aumentado? Diminuído ou continua o mesmo de anos atrás?
Resposta.: Verificamos
que o número de registros policiais nesta DEAM e que são relacionados a
violência doméstica e familiar tem aumentado desde a implantação desta Unidade
Policial. Mas, é muito importante salientar que o aumento do número de
registros não representa o aumento da violência contra a mulher em nosso
município, mas sim o encorajamento da mulher no sentido de sair da situação de
violência a que está submetida, muitas vezes durante anos, e denunciar o
agressor por acreditar na efetividade da Lei e saber que pode contar com uma
rede de atenção para ela e os filhos.